Produzidas entre 2012 e 2014, foi a minha primeira série feita com iPhone. Todas as imagens foram registradas nas horas de almoço no trabalho, sem maior compromisso, com os objetos disponíveis naquele momento.
Experimentar visualmente foi uma forma que achei para lidar com a insatisfação que sentia pelo rumo da minha carreira naquela época. Passava por situações desagradáveis na empresa onde estava e vinha sendo mal sucedido em me realocar, o que aumentava minha ansiedade e insatisfação.
Nessas pequenas pausas durante a semana, eu tirava momentos para buscar pelo extraordinário, misturando elementos ordinários e vislumbrando as mais diversas possibilidades. Transformava papel alumínio em bebida, xícara em capacete de astronauta, bombom de festa em ícone expressionista… Não possuía qualquer proposta vanguardista ou revolucionária, era apenas uma idéia executada o mais rápido possível antes que pudesse ser esquecida.
Gostava da simplicidade com que podia tirar uma foto e da rapidez com que podia edita-la no iPhone. Andava sempre com um conjunto de lentes para celular a tiracolo e fazia as fotos sempre com luz natural, usando folhas de papel como rebatedores de luz quando achava necessário. O nome dessa série veio da cor de fundo que adotei para as fotos. Era um branco sujo, que ficava mais ou menos escuro de acordo com a quantidade de luz e sombras do momento.
Hoje, ao olhar para essas fotos tenho uma sensação de confinamento… Vejo claramente a minha falta de perspectiva retratada ali e o esforço que fiz para construir um sentido a partir de fragmentos do ambiente que me cercava. Também foi uma válvula de escape necessária, das várias disponíveis, para suportar uma relação de trabalho degradada, evitar atitudes impulsivas e seguir buscando por novas oportunidades.
Designer Gráfico + Artista Visual 